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Mapa da violência indica João Pessoa como 3ª capital mais violenta para mulheres

 

De acordo com o estudo Mapa da Violência 2015 – Homicídios de Mulheres, produzido pela Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) e divulgado nesta segunda-feira, 09, João Pessoa é a 3ª capital do Brasil mais violenta para as mulheres.

Nos dados gerais do estudo, o Brasil é o quinto país mais violento para mulheres em um ranking de 83 nações que usa dados da OMS (Organização Mundial de Saúde). Em média, 11 mulheres são assassinadas por dia no país.

João Pessoa está na terceira posição entre todas as capitais brasileiras mais violentas para mulheres em 2013, de acordo com o estudo Mapa da Violência 2015 – Homicídios de Mulheres, divulgado hoje. Segundo o estudo, a capital paraibana registrou uma taxa de 10,5 homicídios de mulheres para cada 100 mil habitantes. A taxa é mais de cinco vezes maior que a média mundial, que é de 2/100 mil.

A pesquisa indica que, em 2003, a taxa de homicídios de mulheres era de 4,4 para cada 100 mil habitantes. Em 2013, ano com os dados mais recentes disponíveis, esse índice chegou a 4,8/100 mil habitantes, mesmo patamar de 2012 e o mais elevado da série histórica registrada. Entre 2003 e 2013, a taxa chegou a registrar queda entre 2006 e 2007, quando o índice passou de 4,2/100 mil habitantes para 3,9/100 mil habitantes.

A queda aconteceu no período após a entrada em vigor da Lei Maria da Penha, que prevê punições mais rigorosas a agressores de mulheres. Depois da implementação da lei, porém, a taxa voltou a subir no ano seguinte, saindo de 3,9/100 mil habitantes em 2007 para 4,2/100 mil habitantes no ano seguinte.

Para o coordenador do estudo, Julio Jacobo Waiselfisz, o aumento nas taxas de homicídios contra mulheres acompanha a tendência de aumento da violência no Brasil já revelada por outros relatórios, mas o machismo ainda é responsável pela maioria dos assassinatos cometidos contra mulheres no país.

“A influência do machismo nessas mortes é muito grande porque no Brasil, até pouco tempo, havia uma justificativa legal para o homem matar uma mulher que o traísse, por exemplo. É uma questão cultural que você não muda como quem muda de roupa. O Brasil é uma sociedade extremamente patriarcal.

Julio diz que a responsabilidade do machismo pelos assassinatos de mulheres no Brasil fica evidente a partir da análise do perfil dos assassinos delas. De acordo com o estudo, em 2013, 50,3% das mulheres assassinadas no Brasil foram mortas por um familiar. Em 33,2% dos casos, essas mortes foram praticadas pelo próprio parceiro ou ex-parceiro.

“Infelizmente, a gente continua a ver esse tipo de história todos os dias na televisão. A mulher termina o relacionamento, o homem não concorda e mata a parceira. Ou então, no meio de uma discussão, o homem pratica essa violência. Isso mostra como os homens ainda acham que têm poder sobre as mulheres”, afirmou.

Julio Jacobo afirma que a quinta posição do Brasil no ranking internacional da violência contra a mulher mostra como, ao contrário do que se costuma dizer, o brasileiro não é um povo tão cordial assim e de como o machismo ainda está arraigado à sociedade. Na comparação com outros 83 países, o Brasil só está atrás de Rússia (4º), Guatemala (3º), Colômbia (2º) e El Salvador (1º).

“Veja a reação das pessoas ao tema da redação do Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] deste ano. As pessoas diziam que inserir esse tema era doutrinação das esquerdas. É um absurdo”, lamentou o pesquisador.

Pessimista, Julio Jacobo afirmou que não há nenhuma evidência que indique que a violência contra a mulher vá diminuir no curto prazo no Brasil, mas ele comemora a implementação de novas legislação com foco na proteção das mulheres como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio (assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica), sancionada em março deste ano.

“Não tem nada que nos indique que essa violência poderá diminuir em um horizonte curto, mas ao longo prazo, acredito que essa é uma luta civilizatória. Não haverá mais espaço para quem não condene a violência contra a mulher”, disse o pesquisador. As informações foram divulgadas por UOL.

 

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