A memória intelectual e a carreira política e literária de Ronaldo Cunha Lima foram relembradas em sessão especial do Senado Federal na noite desta segunda-feira, 18 de março. Familiares, amigos e colegas subiram ao plenário da Casa para dissertar poemas famosos do poeta – como gostava de ser chamado – e contar passagens vividas ao lado do político paraibano, que faleceu no último dia 7 de julho. Todos enalteceram Ronaldo Cunha Lima como um humanista, uma pessoa verdadeiramente do povo e um poeta brilhante. O político, natural de Guarabira, ocupou todos os cargos dos poderes legislativo e executivo, exceto o de presidente da República. A Sessão foi uma proposta do senador Cícero Lucena (PSDB-PB) e subscrita pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que presidiu a homenagem, referiu-se a Ronaldo Cunha Lima como uma personalidade multifacetada e destacou bandeiras defendidas por Ronaldo, que encontram ressonância na atuação de seu filho Cássio, no Senado.
“A defesa da transposição do rio São Francisco, a educação e luta por portadores de necessidades especiais são alguns exemplos das ações que você herdou”, disse o presidente em referencia ao parlamentar filho de Ronaldo. Entre os familiares estiveram presentes, os outros três filhos – Ronaldo, Galuce, Savigny – e a esposa Glória Cunha Lima, citada diversas vezes pelos oradores como exemplo de companheirismo e solidariedade.
FAMÍLIA – Cássio Cunha Lima confessou as dificuldades que teve para preparar o discurso devido à emoção, mas compilou poemas do seu pai que contavam, em versos, passagens da vida de Ronaldo e suas relações com a política, a família e vida. “Ronaldo foi um vitorioso, um visionário, mas sobretudo, um humanista”, disse Cássio.
Ivandro Cunha Lima descreveu o irmão mais novo como o líder natural da família, que dedicou-se às letras desde cedo demonstrando um poder de comunicação muito forte. “Vejo essa homenagem como um filme passando diante de mim. Lembro-me quando ficamos órfãos ainda muito jovens. Eu assumi voluntariamente uma paternidade afetiva e acompanhei toda a sua trajetória política que foi brilhante”, relembrou.
“Como irmão mais velho participei da formação intelectual e da carreira política de Ronaldo. É emocionante ver o Senado repleto para homenageá-lo”, disse Ivandro Cunha Lima, momentos antes da solenidade, visivelmente emocionado.
Pedro, neto de Ronaldo Cunha Lima, impressionou a platéia que ocupou inteiramente o Plenário do Senado durante quase três horas. Mostrando desenvoltura com as palavras disse que, enquanto durou, a relação com o avô era de amor. “Sutilmente, sem forçar o aprendizado, nos guiava como família e a mim, como pessoa”, disse o jovem. Para Pedro, o maior ensinamento que Ronaldo lhe deixou foi “a maneira especial de interagir com qualquer ser humano”.
AMIGOS – Maria do Socorro Loureiro viajou oito horas de Campina Grande até Brasília. Aos 76 anos, ela era amiga de Ronaldo desde a adolescência, além de viúva de José Loureiro, grande amigo e dono do primeiro escritório de advocacia onde Ronaldo trabalhou. “A amizade entre eles era muito grande. Eu não poderia deixar de vir”, afirmou. Segundo Maria do Socorro, durante o tempo em que Ronaldo Cunha Lima esteve fora de Campina Grande, perseguido pela ditadura, o local onde ele trabalhava ficou vazio.
Os senadores José Agripino Maia (DEM-RN), Cyro Miranda (PSDB-GO), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Eduardo Suplicy (PT-SP), Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), Lindbergh Farias (PT-SP) e Cícero Lucena (PSDB-PB) renderam homenagens a Ronaldo e falaram sobre a sua trajetória política e intelectual. O senador Roberto Requião (PMDB-PR) participou de toda a solenidade. Já Pedro Simom (PMDB-RS) deixou registrado nos anais da Casa a sua fala sobre o Poeta. Também subiram ao plenário para discursar, o ex-prefeito de Campina Grande, Félix Araújo Filho, o jornalista José Nêumanne Pinto, o escritor Luiz Nunes, representando a Academia Paraibana de Letras e Diógenes da Cunha Lima, presidente da Academia Norte-Riograndense de Letras. No início da solenidade, o poeta Luiz Vieira dissertou o clássico poema Habeas Pinho, que pedia, em forma de poesia, a liberação de um violão confiscado a um grupo de seresteiros.
Familiares, comandados por dona Glória Cunha Lima estiveram na homenagem a exemplo de dezenas de amigos e admiradores de Ronaldo estiveram presente na Sessão em homenagem a Ronaldo, como o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, o vice governador Romulo Gouveia, representando o governador Ricardo Coutinho, os ex parlamentares Marcondes Gadelha, Milton Cabral Raymundo Lira. Os deputados estaduais João Gonçalves e Lindolfo Pires, representando a Assembleia Legislativa da Paraíba. Representando a Câmara Municipal de João Pessoa estiveram os vereadores Bruno Farias e Raoni Mendes e Bruno Cunha Lima representou a Câmara de Campina Grande.
Por volta das 22h, teve início o lançamento de uma nova edição do livro “Eu e Outras Poesias”, do escritor paraibano Augusto dos Anjos, cuja obra era uma das especialidades de Ronaldo Cunha Lima. O relançamento foi preparado pela Academia Paraibana de Letras, da qual o poeta fez parte, ocupando a cadeira de número 14.
Assessoria do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)