O salário, no entanto, não condiz com os custos na compra dos armamentos, munições e artefatos. Para a própria polícia, George contou que gastou cerca de R$ 170 mil com os equipamentos.
Em audiência de custódia, o empresário preso por planejar um atentado terrorista no Distrito Federal disse que tem uma renda média entre R$ 4 e R$ 5 mil. George Washington De Oliveira Sousa, 54 anos, está preso no Centro de Detenção Provisória 2 (CDP 2) do Complexo Penitenciário da Papuda desde a noite deste domingo (25/12) (veja o vídeo abaixo).
O bolsonarista cuida da rede de postos Cavalo de Aço, no interior do Pará. O empreendimento, situado na cidade de Xinguara, tem como sócias duas mulheres e capital social de R$ 200 mil. Durante a audiência de custódia, promovida neste domingo, George afirmou que trabalha como o gerente dos quatro postos. “É um posto localizado no interior. Recebo de R$ 4 a R$ 5 mil.
O salário, no entanto, não condiz com os custos na compra dos armamentos, munições e artefatos. Para a própria polícia, George contou que gastou cerca de R$ 170 mil com os equipamentos. O empresário conseguiu o registro de caçador, atirador e colecionador (CAC) em outubro e, segundo ele, começou a comprar as armas.
O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) representou pela prisão preventiva. Na fala, o promotor considerou que o acusado se firmou à uma engenharia criminosa, encomendando e recebendo artefatos explosivos no Quartel-General do Exército (QG). Considerou, ainda, a gravidade como o empresário lida com trivialidade um assunto tão preocupante.
Ao ter a prisão preventiva decretada pela Justiça, George precisou ser transferido à Papuda no mesmo dia por questões de segurança, segundo informou a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape-DF).
Segundo suspeito
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) está no encalço para encontrar um homem identificado como Alan Diego Rodrigues, 32 anos, suspeito de envolvimento no atentado terrorista próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília. Conforme o Correio revelou em primeira mão, o empresário George, confessou, em depoimento, que Alan foi o responsável por levar o explosivo ao local.
Alan Diego é natural de Comodoro (MT) e trabalha como eletricista. Desde o final de novembro, o homem compartilha, nas redes sociais, os movimentos das pessoas acampadas em frente ao Quartel-General do Exército (QG). Em uma das publicações, Alan filma as palavras de ordem faladas pelo por José Acácio Serere Xavante, conhecido como cacique Tsereré e preso por atos antidemocráticos.
O homem é citado no depoimento de George como o responsável por deixar a bomba no eixo de um caminhão-tanque, abastecido com 63 mil litros de querosene de aviação (28 mil no primeiro compartimento, e 35 mil no segundo), na Estrada Parque Aeroporto (Epar), em frente à Concessionária V1. Na delegacia, o empresário contou que o plano inicial seria explodir a bomba na subestação de Taguatinga, já que era mais fácil derrubar os postes. George disse que disponibilizaria o artefato e uma mulher, ainda não identificada, se ofereceu para transportar o material ao local indicado.
No entanto, segundo George, a mulher deu para trás. Foi quando surgiu Alan, que se mostrou disposto e animado com a ideia. “Em posse dos dispositivos, eu fabriquei a bomba colocando uma banana de dinamite conectada a um acionador dentro de uma caixa de papelão, que poderia ser disparada pelo controle remoto a 50 a 60 metros de distância. Eu entreguei o artefato ao Alan e insisti que ele instalasse em um poste de energia para interromper o fornecimento de eletricidade, porque eu não concordei com a ideia de explodi-la no estacionamento do aeroporto”, disse o bolsonarista, durante o depoimento.
A bomba foi deixada na Epar entre 22h de sexta-feira (23/12) e 5h de sábado (24/12). As investigações conduzidas pela 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) constataram que o suspeito de levar o artefato perambulou por todo esse tempo no local para encontrar o melhor local para deixar o material. George afirma que só soube, pela TV, ainda na sexta-feira e constatou que Alan não seguiu o plano original. Alan é procurado pela polícia, bem como um terceiro suspeito.